domingo, 29 de novembro de 2009

Os sete principais erros no pagamento do IR

A maior parte dos equívocos que levam os contribuintes à malha fina ou ao pagamento de multas é cometida bem antes da época de declaração.
Esta é a informação do repórter Thiago Bronzatto da Revista Exame.
A declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2010 só começa em março do próximo ano, mas pensar nela desde já pode evitar que aconteçam alguns deslizes recorrentes que podem levar o contribuinte à temida "malha fina" da Receita Federal, um processo de fiscalização em que o contribuinte é intimado a comprovar as informações fornecidas. Neste caso é importante o profissional liberal estar atento aos recibos declarados, cruzando principalmente com sua declaração anual, por esta razão que reforço que o lucro presumido é infinitamente melhor.
Segundo o supervisor nacional do IR na Receita, Joaquim Adir, o aumento da fiscalização nos últimos cinco anos fez com que o número de declarações pendentes detectadas pela Receita crescesse cerca de 40%. Boa parte desses contribuintes não cai na malha fina por má-fé ou tentativa de sonegação. "Muitas pessoas erram por não saber as regras do Imposto de Renda", diz Adir. "E, para 2010, estamos aprimorando ainda mais o nosso sistema informático de avaliação.", ou seja, estaremos mais atentos aos cruzamentos de todos os passos do contribuinte, principalmente aqueles inscritos em programas de incentivo do governo visando o aumento das emissões de notas fiscais.
O advogado tributarista Samir Choaib, sócio do escritório Choaib, Paiva e Justo, alerta que muitas vezes um equívoco pode levar a uma enorme dor de cabeça para o contribuinte. "Conheço gente que, devido a um erro na declaração, foi multado em 200 mil reais", conta Samir. Veja abaixo os sete erros mais comuns cometidos por pessoas físicas na declaração do IR:
1 - Ações na bolsa - Desde 2005, a Receita criou uma alíquota de 0,005% sobre operações de venda na BM&FBovespa - o percentual poderá ser ressarcido quando o valor de venda for inferior ao do da compra do papel. Essa tributação não gera uma arrecadação representativa para o governo, mas serve para que os auditores tenham informações sobre quem negocia papéis em bolsa e possam identificar os sonegadores. Neste ano, 1.481 investidores, responsáveis por movimentar 81 milhões de reais na bolsa em 2008, tiveram de passar pela malha fina e comprovar os seus rendimentos. "Qualquer pessoa que ganha cinco mil reais na bolsa tem que preencher a declaração", destaca Choaib. Toda vez em que o investidor vender mais de 20 mil reais de ações em um único mês, ele terá de arcar com uma alíquota de IR 15% sobre o lucro a ser pago no mês seguinte às transações. Em casos de day trade (compra e venda de um papel no mesmo dia), a tributação será de 20%, sendo 1% descontado pela própria corretora e deduzido direto no IR. Se o investidor comprar 24 mil reais de papéis e vendê-los por 26 mil reais, por exemplo, a alíquota (tanto para operações comuns como para day trade) incidirá sobre os dois mil reais de lucro. Em situações de prejuízo, o valor perdido nas operações poderá ser deduzido posteriormente. Ou seja, se as ações forem compradas por 100 mil reais e, depois, vendidas por 20 mil reais (totalizando um prejuízo de 80 mil reais), ao obter um lucro de 90 mil reais em operações futuras (sem prazo determinado) a mordida do Leão será apenas sobre os 10 mil reais do lucro líquido (já descontado o prejuízo inicial). Vale lembrar também que os custos com corretagem poderão ser deduzidos na declaração. Temos que ter a consciência de que as operações da Receita Federal estão cada vez mais sofisticadas, o que para o país é de extrema importância, pois melhora a competitividade entre as empresas, desestimula a sonegação, pela que os nossos políticos não acompanham esta evolução e não nos dão o retorno pelo que arrecadamos.
2 - Imóveis com a finalidade de aquecer o mercado imobiliário, desde 2005 a Receita Federal isenta a pessoa física de pagar alíquota de 15% sobre o ganho de capital obtido com a venda de algum imóvel caso ela compre outro imóvel residencial (não inclui salas de escritórios ou terrenos, portanto) no prazo de até 180 dias - pode ser de valor inferior ao imóvel vendido. Por exemplo: se alguém compra um apartamento por 150 mil reais e, depois de dez anos, o revende por 250 mil reais, o proprietário teria de pagar uma tributação de 15% sobre os 100 mil reais ganhos na transação. Mas, se a pessoa utilizar os 250 mil reais para comprar outro imóvel, estará isenta do IR. O uso desse benefício só poderá ser feito uma vez a cada cinco anos. Outra isenção geralmente deixada de lado na hora de declarar é a que permite ao proprietário vender o seu único imóvel de até 440 mil reais sem ter que pagar qualquer alíquota sobre o ganho de capital. Esse benefício, no entanto, só é válido para quem não vendeu imóvel durante cinco anos, explica Mauro Gallo, professor e pesquisador do Núcleo de Estudos em Controladoria e Gestão Tributária da Fipecafi-USP. Há também um meio de conseguir isenção sobre vendas de imóveis (ou terrenos) avaliados em até 35 mil reais. Ou ter sociedade sobre um imóvel de até 70 mil reais, dividindo o valor total em duas partes iguais. Quanto à declaração de benfeitorias, que eleva o valor do imóvel e ajuda a reduzir o imposto a ser pago em caso de venda, ela só será aceita se agregar valor à propriedade – como, por exemplo, construir uma nova edícula. Portanto, pintura não conta. Vale lembrar que a isenção é para a compra de outro imóvel, todo e qualquer ganho financeiro é considerado rende, e assim passível de aplicação das alíquotas de acordo com a Lei.
3 - Fundos de previdência o primeiro passo é escolher entre PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Depois, o contribuinte terá que optar pela tabela progressiva (a mesma usada para calcular o IR na fonte todo mês) ou pela regressiva, cuja alíquota maior é de 35%, reduzindo cinco pontos percentuais da alíquota do IR a cada dois anos (a partir de dez anos, a alíquota passa a ser de 10%). Dependendo das escolhas feitas acima, o investidor poderá ser abocanhado cruelmente pelo Leão. Há alguns gerentes de banco que, logo de cara, oferecem os fundos de PGBL como uma opção de aplicar em dezembro para escapar de tributações. São indicados porque permitem o desconto de até 12% da renda bruta tributável para quem declara no modelo completo. Por exemplo: se a renda bruta anual for de 100 mil reais, o contribuinte poderá abater até 12 mil reais das contribuições feitas ao PGBL. Para aproveitar esse benefício, muita gente aplica nesses fundos em dezembro para lançar isso na declaração do ano seguinte. Mas, na verdade, essa solução só adia o pagamento de IR para o dia de resgate do valor investido. Se forem aplicados 24 mil reais e, depois de certo tempo, o investidor resgatar 30 mil reais, ele pagará alíquota de 27,5% não apenas sobre o ganho de capital mas sobre todo o montante investido. Os fundos de VGBL, indicados para quem usa o modelo simplificado de declaração (cujo desconto-padrão é de 20%), não permite deduzir a aplicação do IR. Porém, quando receber o benefício, o contribuinte só pagará 15% sobre o rendimento obtido. Quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, menor será o imposto pago no resgate. "Grosso modo, os fundos de VGBL são recomendados para o empresariado, enquanto os de PGBL são melhores para aposentados e assalariados", resume Gustavo Moral, coordenado do curso de direito tributário da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo. A movimentação financeira ao final do ano tem que ser vista e pensada no longo prazo, para corrermos os riscos declarados pela reportagem, no entanto a recomendação é para que não se mexa nesta aplicação, pois com o tempo o desconto será muito mais vantajoso.
4 - Negócios no exterior se um Imposto de Renda já dá dor de cabeça, imagine dois. De maneira geral, isso acontece com algumas pessoas que vão morar (ou trabalhar) fora do país e se esquecem de avisar a Receita Federal, ficando sujeita a dois IR - um no Brasil e o outro no país estrangeiro. Para quem planeja ficar mais de um ano fora do Brasil, é necessário avisar a Receita. Depois desse período, caso o visto de permanência seja prolongado, é recomendável que se faça uma "declaração de saída definitiva". Apesar do nome, não é um documento que atesta o exílio. O CPF continua o mesmo - só que inativo. Para quem tiver bens no exterior ou pagar qualquer tipo de imposto, poderá abater na declaração, desde que o país que passou a abrigar o contribuinte tenha um tratado internacional de bitributação com o Brasil. Ao todo, são 25 países que têm acordo: Áustria, Argentina, Bélgica, Canadá, Chile, China, Coréia, Dinamarca, Equador, Espanha, Filipinas, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Índia, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, Noruega, Portugal, República Eslováquia, República Tcheca, Suécia, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. Esses três últimos têm aliança de reciprocidade com o Brasil. Ou seja, leis próprias que permitem ao estrangeiro abater o valor gasto em impostos (corrigidos de acordo com a variação do câmbio) longe de sua terra de origem. Há cinco anos, um jogador de futebol que não teve seu nome revelado vendeu um apartamento em Miami no valor de 502 mil reais. Como o seu contador se esqueceu de incluir a operação na declaração, foi tributado 10% no valor da venda. Hoje, com correções e juros, a multa chegou a um milhão de reais. Vale lembrar que qualquer patrimônio em outro país, cujo valor superar 100 mil dólares, deverá ser declarado à parte diretamente para o Banco Central.
5 - Pensão O contribuinte poderá deduzir do Imposto de Renda as despesas com pensões alimentícias desde que haja homologação judicial ou acordos registrados em cartório. Se uma pessoa física ganha 10 mil reais e paga 3 mil reais de pensão para a ex-mulher e para os filhos, caberá à beneficiada pagar o IR sobre o valor recebido. Já o marido poderá pedir a restituição do dinheiro retido na fonte para evitar a bitributação. Por outro lado, se uma mulher tem outra fonte de renda e recebe do ex-cônjuge um total de três mil reais de pensão, dividindo entre ela e os dois filhos, para evitar a mordida do Leão deverá fazer com que cada um dos filhos declare IR, mesmo que eles tenham um ano de idade. Assim, ambos os filhos terão uma renda de 12 mil reais anuais, o que é considerado isento do IR.Como podemos ver, as Leis são rígidas, mas podem ser utilizadas também a nosso favor, pasta termos a concentração necessária e analisar cada detalhe, o que às vezes nos parece ruim na verdade pode nos dar alguma vantagem. Agora é sempre bom lembrar, não deixem de pagar a pensão...senão .......
6 - Dependentes não adianta incluir vários dependentes na declaração como forma de aumentar a restituição do imposto. A Receita é rigorosa no cruzamento de informações armazenadas em seu sistema. Portanto, são permitidos somente nos seguintes casos: filhos (ou enteados) até 21 anos de idade (ou 24 anos, desde que esteja cursando ensino superior ou escola técnica de segundo grau); irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a) sem a guarda dos pais e de até 21 anos (ou 24 anos se estiver estudando e em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho); pais, avós e bisavós que, em 2009, tenham recebido rendimentos (tributáveis ou não) de até 16.473,72 reais; sogros desde que seja feita uma declaração de IR conjunta do casal; companheiro(a) com quem o contribuinte viva junto há mais de 5 anos ou com quem tenha filhos. Os gastos com dependentes podem ser abatidos no limite de até 1.434,59 reais mensais para cada um. Outro deslize bastante comum é incluir na declaração um dependente que seria isento de IR. Por exemplo: o pai aposentado de um contribuinte, cuja renda anual é de 30 mil reais, será isento se a sua única fonte de renda, a aposentadoria do INSS, totalizar 12 mil reais. Nessa situação, só será uma boa opção para deduzir do IR se o dependente tiver despesas médicas suficientes para diminuir a tributação. Caso contrário, o contribuinte terá que pagar alíquota de 27,5% sobre 42 mil reais (30 mil reais de renda própria mais 12 mil reais do pai aposentado). Vale lembrar também que, depois dos 65 anos, a renda mensal de até 1.600 reais é isenta de Imposto de Renda. Não adianta rechear a declaração de dependentes, os cruzamentos são rigorosos e sofisticados, a Receita esta atenta e o controle é rigoroso, em muitos casos é bem melhor que cada um declare em separado, uma isenção pode ser muito mais interessante que uma junção de dependentes, o que pode acarretar em aumento de importo a pagar.
7 - Recibos médicos Apesar de ser ilimitada a declaração de gastos com saúde, a Receita está cada vez mais rigorosa para devolver esses valores aos contribuintes. Para evitar fraudes, o Leão agora obriga o médico a também declarar o CPF do paciente e verifica se há incongruências entre as declarações. Segundo Gleubert Coliath, chefe do departamento de ciências contábeis da PUC-SP, quem tem gastos muito altos com saúde demora a ser restituído. "A Receita tenta detectar qualquer tipo de discrepância com o volume de rendimentos declarado", diz Coliath. Por isso, é recomendável pagar a consulta com cheque - ou guardar o comprovante de débito ou crédito- para que o consumidor possa ter uma prova da despesa. Os custos extras com internação (remédios tomados ou enfermeiras particulares) devem ser incluídos na fatura do estabelecimento hospitalar. Temas constantes em nossos cursos, o recibo é o reverso da moeda, ele funciona nas duas pontas, e não é incomum o profissional "negociar" com seu cliente (neste caso ele deixou de ser paciente) e oferecer, ou ceder um desconto em troca, mas no início o ano fiscal e a aproximação da data de acertarmos as contas com o leão, ele (o "impaciente" porque não quer esperar nem um minuto) vêem cobrar o seu recibo e esquecendo assim o que foi negociado, trazendo assim duplo prejuízo ao profissional que deverá arcar com o recibo e pagamento de importo e ainda ficar sem o valor merecido pelo serviço, não há como fugir desta situação, não há mais como "inventar", por esta razão o consultório empresa, ainda é a melhor solução, como amplamente debatido em nosso curso no CETAO.
Espero que tenham proveito destas dicas da revista exame, pois é melhor nos prevenirmos, já que uma vez "convidados" pela Receita para comprovarmos nossas informações declaradas, significará no mínimo uma bela multa, uma evidência sem sentido e o pior a obrigatoriedade de irmos até o posto fiscal apresentar nossa declaração ao colaborador da Receita, isso pelos próximos cinco anos. Existem formas legais de se regularizar as emissões de recibos sem a necessidade de sonegação, mesmo porque a grande maioria trabalha com convênios e os impostos já são retidos na fonte. A orientação é a melhor opção.

sábado, 21 de novembro de 2009

UM NOVO MOVIMENTO NO MERCADO DE SAÚDE

Mais uma fomos pego de surpresa, bem ao menos os mais desavisados, estas duas reportagens postadas hoje (retiradas da Revista Exame – próxima edição), nos dá uma noção de como se portará o mercado de planos de saúde no Brasil.

E não se espantem se acordarem com a notícia que a Rede Carrefour foi adquiria pela Wal-Mart.

Se nos Estados Unidos o movimento é de Universalização, por aqui a coisa parece seguir um movimento diferente, o posicionamento estratégico se desenha de forma clara e precisa.

Como podemos ver a primeira reportagem trata apenas da transação, ou seja, do prêmio pago por ação ordinária (que dá o direito de participação nas decisões da empresa) e da oferta pública que será encaminhada para recompra das ações ainda em mãos de minoritários.

Também trata de maneira superficial da necessidade de aprovação por parte das entidades reguladoras o que não será problema, vejamos o caso da compra da Chocolates Garoto pela Nestlé, não foi autorizada e o processo ainda corre na justiça, seja como for não haverá impedimento nesta transação.

O fato é simples, a Medial passou por uma ação de expansão se posicionando para a baixa renda, patrocinou um dos clubes de futebol mais populares do país e sacrificou suas operações e margens para vender planos ao seu público-alvo, na segunda reportagem fica claro isso, e a situação se desenhava da seguinte forma, ou arruma ou quebra, mais veio à segunda opção vende e com sobra.

Bem, todas as análises foram feitas pelo foco da gestão econômica, onde a valorização e o ganho de musculatura por parte da Amil passa a ser considerável, mas o que nos chama a atenção é que na segunda reportagem diz que haverá necessidade de melhorar a precificação, traduzindo reajustar preços, o que significa possíveis exclusões, ou no mínimo “desnatamento” (como dizem os profissionais de marketing) que aponta a uma segmentação por público-alvo.

E isso é extremamente preocupante, pois o que já não estava bom poderá passar a ser ruim, vejamos as causas: Como foi publicado houve um pagamento de um prêmio não esperado pelo mercado, resultando no aumento das cotações por ações (valorização), deixando mais caras as futuras aquisições, o outro ponto é a diferença de rentabilidade de operações das empresas, outro fato relevante é que ambas ainda passam por um processo de fusão pelo lado a Amil, Amico e a Blue Life e pela Medial Amesp.

Todo este processo pode e deve afetar o setor prestador de serviços, particularmente a parte da odontologia, que é vista como complementar do pacote de venda do plano, sendo que a todos caberá uma significativa contribuição, falando em termos estratégicos na planificação financeira, corte de custos com redução de repasse e aumento na fiscalização e análise de procedimentos ampliando as glosas.

É preciso lançar um olhar, mais criterioso sob o aspecto estratégico nesta e nas demais movimentações dos setores de saúde, Bradesco e Odontoprev e agora Amil e Medial, estamos passando por um movimento de criação de conglomerados gigantescos que passam a direcionar os destinos de um segmento inteiro. Chamo a atenção para estes movimentos, todos nós sentimos quando os bancos se unem, mas não prestamos atenção quando as empresas de saúde resolvem juntar forças e canalizar o acesso a saúde. Pensemos nisso.

Fusão Amil-Medial agrada mercado, mas envolve desafios

Amil vai ampliar sua base de consumidores e tornar a Medial mais eficiente, mas precisará absorver rapidamente os ganhos de sinergia.
A compra da operadora de planos de saúde Medial pela Amil, anunciada nesta quinta-feira, pode aumentar a eficiência de ambas as companhias e abrir caminho para uma consolidação maior do setor, segundo analistas de duas corretoras que acompanham a Amil. No curto prazo, porém, a empresa precisa provar que é capaz de digerir os ganhos de sinergia que a aquisição pode trazer num prazo que compense o valor pago pela transação, visto como relativamente alto.
A visão mais positiva sobre a compra vem do analista da corretora do Santander, Daniel Gewerh. Responsável pela cobertura das empresas do setor de saúde, ele afirma que o principal benefício para as companhias é a possibilidade de a Medial melhorar seus processos de precificação dos planos de saúde comercializados, ao adotar os padrões da Amil.
Segundo o analista, a Medial praticava preços abaixo da média de mercado para alguns produtos como forma de conquistar clientes da concorrência, mas amargava prejuízo nessas operações. No longo prazo, a empresa saía muito prejudicada pela estratégia.''Nesse setor, a precificação é fundamental, é o ponto mais importante desse negócio'', afirma.
A aquisição também pode melhorar os índices de sinistralidade da Medial - ou seja, reduzir os gastos da empresa com serviços de saúde - e gerar economia com a diluição dos custos administrativos.
Para a Amil, por sua vez, o negócio amplia a base de clientes e fortalece a capacidade de distribuição no mercado paulista, o mais importante do país. A fatia da empresa em São Paulo vai praticamente dobrar, dos atuais 7,9% para 15,1%.''Essa compra se encaixa perfeitamente na estratégia da Amil. Ela adquiriu a empresa que precisava adquirir'', diz Gewerh.
Consolidação em andamento

O analista do Santander acredita que o negócio também aumenta as chances de a Amil se tornar a grande consolidadora do mercado de saúde, a partir da aquisição, em médio e longo prazo, de outras concorrentes. Alguns dos negócios mais importantes do setor nos últimos cinco anos foram protagonizados pela Medial, ao comprar a Amesp, e pela Amil, ao adquirir a Amico e a Blue Life.
Com uma base maior de clientes e a amplia liderança de mercado, a Amil ganha condições de acelerar o processo de consolidação em curso no setor desde o início da década. Segundo Gewehr, o Brasil contava com 2.273 operadoras de planos dentais e de saúde, no ano 2000, ante 1.273, ao fim do primeiro semestre de 2009.

A situação financeira da
Amil, também é favorável. Capitalizada pela abertura de capital promovida em 2007, a companhia contava com 1,1 bilhão de reais em caixa antes da aquisição. Pelos 51,9% das ações da Medial a companhia vai desembolsar 612 milhões de reais, o que deixa uma folga significativa para que a empresa tome fôlego e volte às compras, sem contar a possibilidade de um aumento na alavancagem, que poderia ser executado com relativa facilidade, na opinião de Gewerh.
Dificuldades da operação

Para a Fator Corretora, porém, a Amil. pode esbarrar justamente na incapacidade de absorver as concorrentes que ela adquire. Em relatório assinado pelo analista Iago Whately, a corretora diz que a aquisuição será positiva para a Amil do ponto de vista comercial, mas alerta que a companhia ''tem mostrado dificuldade em integrar os processos e capturar as sinergias de outros ativos adquiridos''.

Na aquisição desta quinta-feira, o risco fica ainda mais evidente por causa das dificuldades que a Medial atravessa, em função da ''falta de capacidade da rede própria e da ineficiência de seus processos internos''.
Whately afirma também que a carteira de clientes da Medial é de baixa qualidade e lembra que, segundo as regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos individuais, os reajustes de preços são definidos pela agência e as operadoras não podem cancelar os contratos.

Isso aumenta o desafio da Amil por indicar que a sinistralidade da Medial só vai convergir para os níveis da empresa compradora após a reestruturação das operações, o investimentos em hospitais e - o que é mais difícil - a mudança no perfil da carteira de clientes da Medial.
Segundo o analista, como o valor oferecido pela Medial (17,2066 reais por ação) já pressupõe que a compradora será capaz de capturar os ganhos de sinergia do negócio, a Amil corre o risco de perceber que pagou caro pela concorrente, caso demore demais para digerir o novo ativo.

A proposta de compra da Amil embutiu um prêmio de 17% em relação à cotação dos papéis da Medial no dia anterior ao fechamento do contrato (14,70 reais). A reação inicial do mercado foi basante positiva. As ações ordinárias da Amil subiram 10,41% nesta quinta-feira enquanto as da Medial avançaram 11,50%.

Amil compra controle da Medial por R$ 612 milhões

Empresa vai pagar um prêmio de 17% sobre a cotação das ações da rival

A operadora de planos de saúde Amil comprou uma de suas maiores concorrentes, a Medial. A empresa anunciou a aquisição de 36,22 milhões de ações ordinárias (com direito a voto), o que corresponde a quase 52% do capital total.
Pelos papéis, a Amil, vai pagar 612,5 milhões de reais, ou 17,2066 reais por ação. Isso representa um prêmio de 17% em relação à cotação dos papéis no fechamento da bolsa nesta quarta-feira (14,70 reais). Os papéis tiveram forte procura no início do pregão desta quinta e abriram negociados a 16,60 reais, em alta de 12,93%. Já as ações ordinárias da Amil. subiam 9,15%, para 13 reais.

A operação consolida a posição de liderança da Amil no mercado brasileiro de planos de saúde. Com o negócio, a fatia de mercado da Amil. no Estado de São Paulo, o mais rico do país, quase dobra, dos atuais 7,9% para 15,1%. Em todo o Brasil, a fatia salta de 6,2% para 10,1%, atingindo 4,2 milhões de beneficiários em saúde e outros 986 mil em planos dentais.

Há vários meses o mercado especulava sobre a aquisição da Medial pela Amil. No ano passado, EXAME antecipou que as duas empresas negociavam uma fusão.

A Medial sempre negou a existência das conversas, mas em outubro os rumores voltaram a circular devido à saída de Emílio Carazzai da presidência da empresa. Sua substituição pelo executivo Henning Von Koss foi interpretada no mercado como um sinal de que a Medial poderia ser alvo de aquisição.

Como a Medial faz parte do Novo Mercado da BM&FBovespa, os minoritários terão direito de vender suas ações à Amil nas mesmas condições oferecidas aos controladores (R$ 17,2066 por papel). A empresa já informou que fará a oferta pública para a recompra de todos os papéis da Medial, que, se bem-sucedida, levará a sua saída da Bovespa.

O negócio ainda precisará ser aprovado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regulamenta o setor de planos de saúde no Brasil. Além disso, terá de ter o aval dos órgãos de defesa da concorrência brasileiros.